Os alimentos orgânicos já frequentam a mesa de muitos
brasileiros. Os transgênicos também. Mas será que um alimento pode ser um misto
das duas coisas? O suíço Klaus Ammann, professor da Universidade de Delft, Na
Holanda, acredita que sim. "O futuro pertence às culturas
‘organotransgênicas’, que serão cultivadas com agricultura de precisão,
respeitando a natureza e sua biodiversidade", escreveu ele em uma
participação no livro Genetic Glass Ceiling ("Teto de Vidro
Genético", em inglês), do biólogo Jonathan Gressel. Para Ammann, essa é a
única forma de a agricultura orgânica ganhar produtividade para poder ser feita
em larga escala.
A única coisa emperrando essa tendência é a certificação dos orgânicos, que não permite o uso de plantas transgênicas. Essas regras, porém, devem mudar com o tempo. "Com uma flexibilização do conceito de orgânico, deve ocorrer uma associação dos transgênicos com a produção orgânica", diz Elibio Rech, pesquisador da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). "O futuro caminha para essa interação. Teremos uma planta geneticamente modificada resistente a pragas, na qual não é preciso aplicar inseticidas. Ela será transgênica e orgânica ao mesmo tempo", diz. A geneticista Pamela Ronald e seu marido, Raoul Adamchak, agricultor de orgânicos, escreveram juntos o livro Tomorrow's Table ("A Mesa de Amanhã"), em que defendem que a união de técnicas de produção orgânicas com a bioengenharia é a chave para alimentar o mundo. Agora é só uma questão de tempo até que esses alimentos possam fazer parte da nossas refeições.
Brasil na dianteira
Com a liberação do milho geneticamente modificado, efetuada em 2008, a tendência é que o país ultrapasse a Argentina na produção de transgênicos, ficando atrás apenas dos EUA em área plantada, segundo dados do Conselho de Informações sobre Biotecnologia. No ano passado, o Brasil produziu 15,8 milhões de hectares com sementes modificadas de soja e algodão, um crescimento de 5,3% em relação a 2007. No mundo, foram cerca de 125 milhões de hectares em 25 países.
• 7 100 era a quantidade de espécies de maçãs existentes há 100 anos. Hoje, só restam 300. O Global Crop Diversity Trust é uma fundação que visa proteger a diversidade das espécies usadas na agricultura. A ideia é criar um fundo que financie o banco de sementes da entidade, que armazena exemplares do mundo todo.
• 11 000 absorventes e tampões são usados por uma mulher ao longo da vida. Mas já surgiu uma alternativa mais sustentável: os copinhos menstruais, reutilizáveis, que recolhem o sangue. Lavou, ta novo.
• 9% dos brasileiros já consomem alimentos orgânicos, segundo pesquisa da consultoria GFK. O mercado para esse tipo de produto no Brasil cresce 30% ao ano, contra 15% nos países europeus.
Por Maria Eduarda Leite
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